O medo bate à porta

mar 27, 2020

A situação que estamos a viver é inédita para todos nós. Nunca antes havíamos visto tão inesperadamente transtornadas as nossas vidas quotidianas. É portanto natural que não tenhamos respostas prontas nem reacções anteriormente experimentadas.

Estamos todos a aprender a reagir.

A insegurança motivada pelo desconhecido provoca-nos ansiedade e medo, mantendo-nos sempre alerta. A mudança abrupta das rotinas laborais e sociais trazem-nos desconforto e incerteza, afectando inevitavelmente o nosso quotidiano.

As crianças, maiores ou menores, observam-nos e sentem-nos. Percebem-nos diferentes, quiçá menos seguros. O mundo delas abana. A escola fechou, os amigos estão longe e, em muitos casos, os avós também! Saem pouco, quase nada. Está tudo fechado. A televisão só fala do vírus, esse bicho que não se vê, não se sabe onde está, pode estar em todo o lado! Toda a
gente só fala do bicho… até já sonham com ele!

O medo instala-se nelas.

E nós, como fazemos com os outros medos, temos que estar lá, ao lado delas, mostrando-lhes que continuamos SÓLIDOS e INTEIROS, a fazer o nosso trabalho: protegê-las.

Criança a olhar com medo pela fresta de uma janela

COMO?

  • Nunca negando ou disfarçando o sentimento de medo;
  • Ouvindo as suas preocupações;
  • Respondendo, de forma simples mas correcta, às suas perguntas (não bombardeando com excesso de informação que não foi pedida);
  • Criando novas rotinas securizantes e disciplinadoras;
  • Propondo actividades (conjuntas ou autónomas) interessantes, desafiadoras e adequadas à idade;
  • Estimulando a autonomia e a auto-confiança;
  • Promovendo o contacto social virtual com amigos e familiares (estimulando a solidariedade, a descentração e o salutar convívio com os outros);
  • Mantendo uma relação afectiva forte;
  • Estando disponível (mas não ao dispor);

Em suma, CONTINUANDO A SER PAIS

Maria João Faria (psicóloga do CPBESA)